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Direitos em pauta: conheça o Facts and Norms Institute (FNI)



Entrevista concedida ao programa Cultura Geral / Cult.Geral Podcast em 18 de julho de 2023.


Betão (Cult.Geral Podcast):


Olá, sejam todos muito bem-vindos ao Cultura Geral. É sempre um prazer fazer o Cultura Geral aqui na TV Banqueta e na Rádio Cultura de Curitiba. A gente começando mais um programa super especial aqui na telinha, nas ondas do rádio, né? E depois Podcast todas as formas de streams que a gente tem no Brasil e no mundo afora.

Começando esse programa com meu grande amigo Henrique Napoleão Alves, meu professor lá nas faculdades de direito Milton Campos, hoje membro diretor do “Instituto Facts and Names”, né? “Instituto de Fatos e Normas”, né? Sediado nos Estados Unidos e também aqui no Brasil.


Henrique, é um prazer te receber aqui para a gente poder falar desse Instituto e falar desse momento também que a gente está vivendo no mundo inteiro, que é um desafio para, não só para os institutos, mas para todas as democracias e todos os campos da política no mundo inteiro, e eu acho que perpassa por esse momento falar de todos esses assuntos, e também pensar como é que as instituições podem nos ajudar.

Seja muito bem-vindo mais uma vez, é um prazer te receber aqui, viu?


Henrique Napoleão Alves:


Obrigado, Betão o prazer é todo meu. Eu queria começar esse programa primeiro te agradecendo pela oportunidade, pelo espaço de poder falar com a sua audiência sobre esse projeto, que é um projeto que me é muito caro! E segundo, também, sem sombra de dúvida, saudar todas as amigas e amigos que nos acompanham pelas ondas do rádio e por todos os meios de transmissão do programa.


Betão (Cult.Geral Podcast):


Bacana.


Henrique Napoleão Alves:


O nosso Instituto, Betão, foi criado e pensado a partir de um processo longo; um processo de longa duração.


Eu tinha, desde o início da minha caminhada acadêmica e profissional, um anseio de colocar tudo aquilo que eu estava desenvolvendo e aprendendo na universidade, Betão, a serviço das pessoas. Tentar dar a minha contribuição para enfrentar questões sociais relevantes, a minha contribuição para a gente lograr ter uma sociedade menos injusta, mais fraterna… E eu não sou diferente de muita gente, né? Muitos que estão nos ouvindo agora têm esse mesmo anseio, têm esse mesmo desejo.


Esse desejo é importante, esse anseio é importante, mas ele não é suficiente. Então essa vontade inicial precisou ser lapidada, precisou ser pensada e repensada, até finalmente a gente começa a dar os nossos primeiros passos como instituição acadêmica em 2021.

Toda essa preparação foi bem interessante, sabe? E ela se beneficiou de uma série de vivências que eu já tinha tido até ali como professor.


Nós nos conhecemos nessa situação, como você lembrou, e também outros projetos que você conheceu, né? Eu me recordo, Betão, de ter participado do seu programa em 2017. Naquela época, eu era membro da Comissão de Direitos Humanos da OAB de Minas e professor na Milton Campos. Você foi muito gentil de me chamar para a gente conversar sobre intolerância religiosa, que é um dos vários problemas graves que afetam a nossa sociedade, né?


E o trabalho que eu estava fazendo ali não é tão diferente do que eu faço hoje no Instituto não, viu, Betão? Porque, para participar do seu programa, eu e as pessoas que me auxiliavam na época, nós realizamos um estudo, uma sistematização do problema da intolerância religiosa no Brasil. Naquele momento a gente conversou foi com o… Nilson, né?


Betão (Cult.Geral Podcast):


Nilson, exatamente.


Henrique Napoleão Alves:


E o Nilson trouxe toda a contribuição de quem vive na prática esse problema no âmbito local, e a gente com essa mirada internacional, as normas internacionais que eram aplicadas…


Betão (Cult.Geral Podcast):


Isso.


Henrique Napoleão Alves:


Então, assim, essa ideia de colocar a pesquisa a serviço de qualificar o debate, qualificar a maneira pela qual a gente compreende os problemas, isso já vem comigo desde muito tempo. Agora disso, para virar uma organização acadêmica estruturada que tem hoje vários projetos? A gente vai ter oportunidade de conversar sobre alguns deles hoje… Foi toda uma caminhada.


E nessa caminhada, eu também destacaria o seguinte, Betão: nós tivemos oportunidade de estudar Direito, e o curso de Direito tem muitas vantagens, mas ele também tem alguns limites. Por exemplo, a gente não costuma aprender muita coisa sobre Gestão.


Betão (Cult.Geral Podcast):


É um desafio. Um desafio total, né?


Henrique Napoleão Alves:


E sem essas ferramentas de gestão, eu não conseguia tirar aquele desejo de mudança, aquela ideia de colocar a pesquisa a serviço das pessoas, a serviço dos problemas sociais, não conseguia tirar isso do papel. Mas em 2020 para 2021, eu fiz um curso muito importante que foi a virada. Foi um curso da Universidade de Copenhague. Existe uma escola ligada a essa Universidade, que é uma escola de negócios de Copenhague, “Copenhagen Business School”; e é um curso sobre empreendedorismo social, que era exatamente o que eu precisava.


E esse curso me fez perceber que não adiantava eu querer criar um instituto imenso, capaz de fazer muitas coisas logo desde o seu início, mas que era preciso dar um primeiro passo, mais modesto, mas um passo firme.


Outra coisa também que ele me auxiliou, foi identificar o problema que eu queria atacar e qual solução eu queria apresentar para esse problema. Foi assim que nasceu o Facts and Norms Institute (FNI). Ele tem esse nome em inglês, né, Betão, porque a gente faz um trabalho principalmente na ONU, e o trabalho que a gente faz na ONU, o idioma principal acaba sendo o inglês, né? Mas em português é “Instituto Fatos e Normas”.


Betão (Cult.Geral Podcast):


“Fatos e Normas”; é, antes eu falei errado, né?


Henrique Napoleão Alves:


Não, tudo bem! Nós somos uma instituição recente! Fizemos um lançamento dessa instituição em 2021, então é natural que o nosso público de Minas Gerais ainda não esteja totalmente familiarizado com ela, embora, apesar do pouco tempo que a gente existe está em operação, a gente já tenha alcançado algumas coisas muito interessantes! E eu vou, se você me permitir, pontuar algumas delas…


Betão (Cult.Geral Podcast):


Fica à vontade, viu, Henrique? O programa é seu.


Henrique Napoleão Alves:


A gente começou com um projeto voltado para pesquisar doenças infecciosas e direitos humanos. O foco era não apenas na Covid-19, mas também outras doenças infecciosas e as maneiras pelas quais essas doenças impactam as nossas sociedades. Esse foi o primeiro grande projeto.


E, Betão, uma outra coisa assim da parte de gestão, de administração, que foi muito útil para a gente começar esse trabalho, foi a ideia de “mínimo produto viável”. É um conceito muito simples, do pessoal da administração, mas que eu desconhecia, e…


Betão (Cult.Geral Podcast):


Como que é o conceito?


Henrique Napoleão Alves:


“Mínimo produto viável”. Então, uma amiga da área, para me explicar — eu na minha ignorância em relação a essa área, né? — ; então, ela me disse assim: “Olha, se você tem um sonho de, por exemplo, fabricar um automóvel, talvez você deva começar fabricando uma patinete. E colocando ela para rodar, e tirando todos os aprendizados que você vai ter de lançar um produto, de conversar com as pessoas…


Betão (Cult.Geral Podcast):


Eu lembrei, lembrando assim, cortando assim você, me desculpa.


Henrique Napoleão Alves:


Nada.


Betão (Cult.Geral Podcast):


Um professor que… é… daqui a pouco eu lembro o nome dele. É um dos mais conceituados que dá aula sobre Marx, né? Sobre o Marxismo mesmo, sobre o conceito econômico que Marx propõe. Ele fala exatamente isso. Que você, para construir uma teoria, você primeiro precisa entender o objeto. Então, você quer construir um automóvel? Tenta construir alguma coisa com roda primeiro. Vai entendendo a dinâmica, como é que ele entra na curva, como é que sai da curva, como é que pode ser, qual é o desenho mais viável…


Porque o que a gente tem demais, e tem muito mesmo, eu tenho percebido isso muito aí, é as pessoas querendo de fato criar uma teoria, para depois se aplicar à construção do objeto, seja ele qual for. Seja um objeto teórico, seja um objeto de construção social, material…


E isso fica muito na linha do discurso, porque você cria teoria, mas na hora de aplicar aquela teoria, você não estudou o objeto, então você não consegue ter efetividade. É isso que você se propõe?


Henrique Napoleão Alves:


É isso, é algo muito similar. Porque a gente não conseguia sair do lugar… A gente queria, logo no início, já ser praticamente uma universidade completa, ter ensino, ter pesquisa em várias áreas… Não, não. É preciso dar um primeiro passo firme, mais modesto, mas importante como foi o nosso: vamos começar com a pesquisa. Então, nosso sonho mesmo é um dia ser um centro universitário completo, voltado para promover valores humanistas e uma abordagem humanista da realidade social.


Começamos como Instituto de pesquisa com esse primeiro projeto, que é um projeto grande, para investigar todas as contribuições, toda a documentação da ONU em relação a doenças infecciosas, em relação a todos os países do mundo. E, até aqui, nós já identificamos mais de dois mil documentos da ONU.


Esse projeto está em curso e uma maneira que eu tenho para romper um pouco essa coisa do muro do Instituto de Pesquisa para quem não é desse mundo compreender a importância desse trabalho, é dar alguns exemplos, né?


Quando a gente foi atingido pela pandemia de Covid-19, a gente não sabia, ou não havia nenhum estudo, que identificasse quais são os temas mais comuns quando uma doença infecciosa se alastra, em relação aos direitos das pessoas. E a gente percebeu que várias questões, vários problemas que surgiram durante a pandemia, já tinham sido documentados pela ONU antes, em relação a outras doenças.


Ou seja: apesar de haver diferenças entre as doenças infecciosas, existem certos problemas que parecem surgir, nas mais diferentes sociedades, em contextos de surtos ou de epidemias ou de pandemias de doenças infecciosas.


Eu poderia dar dois exemplos breves e concretos disso:


Logo no início da pandemia, nós observamos, em vários lugares da nossa região, das Américas, também na Europa e em outros continentes, uma certa hostilidade contra pessoas de traços asiáticos. Eu não sei se você se recorda disso, chegou a ser noticiado… E qual que era a razão disso? Muitas pessoas, por ignorância, associavam o vírus a uma determinada região, né? E passavam a hostilizar aqueles que tinham traços fenotípicos que remontam a essa região. Então, isso é xenofobia.


Isso já tinha sido alertado, em outros contextos, já tinha surgido em outras situações. Por exemplo, num surto de Ebola no continente africano, muito antes da pandemia de Covid, a ONU já tinha se pronunciado sobre como para proteger direitos, é preciso proteger as pessoas que podem sofrer esse tipo xenofobia. Então, acontece o surto de Ebola numa região do continente africano, as pessoas que são dessa região passam a ser… Essas pessoas que migraram para outros lugares passam a ser hostilizadas, porque são identificadas com a doença ou com a origem da doença… Um outro exemplo, pessoas em situação de privação de liberdade: elas tinham um risco maior de pegar Covid, porque é um ambiente muito fechado, as nossas cadeias e prisões, elas costumam ter problema de superlotação…


Betão (Cult.Geral Podcast):


Costumam, não; têm, né?


Henrique Napoleão Alves:


Muitas delas têm. E toda a região, não só no Brasil; em todos os países latino-americanos, ou na maior parte deles. Então, não em relação à Covid naquele momento em que ela surge, mas em relação à tuberculose, por exemplo, que é uma doença diferente da Covid, mas ela também é uma doença infecciosa; a ONU já tinha se pronunciado sobre como aquele ambiente aumenta o risco daquelas pessoas de serem acometidas pela doença. Então, é preciso ter um cuidado específico…


Eu estou citando duas, mas imagine que são muitas situações. Então, essa sistematização permite que a gente se prepare melhor para enfrentar surtos de doenças infecciosas.


Esse foi o primeiro projeto. Nós lançamos a convocatória em 3 de abril de 2021 e, no espaço de três semanas, nós recebemos mais de 120 candidatos querendo fazer parte do nosso Instituto. Pessoas do mundo inteiro!


Todas as informações estão no nosso site que é o www.factsandnorms.com, mas eu menciono aqui, Betão, olha que interessante: mais de 47 países diferentes, esse pessoal todo. São mais de 120, acho que são 131 ou 132 candidaturas de mais de 47 países diferentes.


Pessoas dispostas a colaborar com o Instituto. A partir dali nós formamos uma rede de pesquisadores e fizemos já sistematização de mais de 2 mil documentos, como eu mencionei.


E lançamos um outro projeto além desse, que é o “Observatório Global de Direitos Humanos”; e mais recentemente nós estamos lançando — e eu te digo aqui em primeira mão no seu programa e para sua audiência — a nossa primeira atividade de educação externa!


Nós vamos fazer um curso, Betão, em parceria com a Universidade de Coimbra, Portugal.

Eles têm lá um Centro de Direitos Humanos. Essa parceria já está concretizada. A gente vai fazer um curso juntos, um curso breve, que vai ser no finalzinho de janeiro e início de fevereiro de 2024.


Naturalmente que a gente não teria alcançado esse resultado importante sem ter desenvolvido um trabalho que teve um alcance importante, sabe? Tanto desse projeto sobre doenças infecciosas, quanto o projeto do Observatório Global que, eu te diria, dialoga ainda mais com a sua provocação inicial.


Você começou o programa mencionando como o nosso mundo padece de problemas e complicações. O Observatório Global tem tudo a ver com lidar com esses problemas e complicações desde um ponto de vista da pesquisa.


O que a gente faz em resumo, Betão?


Como a gente formou uma rede de pesquisadores muito interessante — pessoas de todos os continentes, muitos pesquisadores, pesquisadores brasileiros, e gente que tem qualificação em áreas e assuntos variados…Nós monitoramos as demandas que a ONU tem para estudos técnicos, e aí nós identificamos pessoas que fazem parte da nossa rede, e formamos equipes pequenas para trabalhar e fazer um estudo competente sobre aquele determinado assunto.


Então, por exemplo… Eu acho que isso vai ser um dos melhores exemplos que eu poderia te dar, e vai ser de muito interesse para quem está nos acompanhando.

Ficou na ordem do dia no Brasil, no início desse ano [de 2023], a situação dramática dos Yanomami e dos povos indígenas, em geral, afetados pelo garimpo ilegal na Amazônia.

Nós já tínhamos feito um estudo técnico, ele está disponível no nosso site, sobre garimpo ilegal na Amazônia e contaminação por mercúrio decorrente desse garimpo ilegal, e nós já havíamos enviado essas informações para a ONU muitos meses antes.

É claro, nós consideramos que é um avanço que essa questão veio para ordem do dia, veio para o debate público nacional, teve uma cobertura da mídia importante, mas muito antes disso, o problema já existia e o nosso Instituto de Pesquisa já tinha produzido um estudo técnico com um diagnóstico importante sobre esse problema.


Um outro tema também que nós já estudamos é o tema da participação social. Na época, em 2021, nós fizemos um estudo percebendo que havia uma tendência problemática no Brasil de recuo, de retrocesso em relação à participação das pessoas nos conselhos, né? Porque os governos anteriores tinham criado instâncias de participação social interessantíssimas para a sociedade civil dialogar com as instâncias de decisão, participar da formulação das políticas públicas, né? E muitos desses conselhos, depois, ou não estavam mais atuando, ou estavam com muitas dificuldades de atuação, ou muitas dificuldades de serem ouvidos, de terem alguma relevância, enfim…


Então nós fizemos um estudo, naquela ocasião respondendo uma provocação do Alto Comissariado da ONU para Direitos Humanos e… Olha, Betão, apesar de a gente ser um instituto jovem, nós fomos citados cinco ou seis vezes pelo documento que a ONU adotou naquele momento sobre participação social, boas práticas e desafios para a participação social e ao avivamento das democracias.


Naquela ocasião, a Alta Comissária da ONU para Direitos Humanos era a senhora Michelle Bachelet, que foi presidenta do Chile, nosso país irmão aqui da América do Sul.

E é interessante, assim, que, pelo menos isso eu percebo, sabe? A ONU não quer saber se você é um Instituto de Pesquisa recém-criado ou se você é uma instituição tradicional. Ela quer ver a qualidade do estudo.


Então, nesse caso, em outros casos, nós temos o orgulho de o nosso nome estar numa lista de instituições que contribuem com a ONU, que inclui a iniciativa humanitária de Harvard… Quer dizer, outras universidades grandes do mundo, organizações da sociedade civil tradicionalíssimas, e nós, dentro dos nossos limites, das nossas possibilidades, ali também podendo dar uma contribuição.


Esse relatório também da ONU, sobre participação social; ele cita a gente cinco ou seis vezes, como eu tinha mencionado, e isso é uma forma da gente saber que a gente causa um impacto.


Por que, para que fazer esses estudos? Porque a gente quer ser ouvido. A gente quer passar uma informação de qualidade sobre um problema relevante e nós queremos que, a partir disso, a ONU dialogue com os estados, com os governos… [Para que o]s governos possam rever práticas que, porventura, não estejam ao lado ou avançando Direitos Humanos, né?


Betão (Cult.Geral Podcast):


Bom, deixa eu fazer o primeiro intervalo. Deixa eu fazer o primeiro intervalo aqui na TV Banqueta na Rádio Cultura de Curitiba. A gente está conversando aqui com o Professor Henrique Napoleão. A gente está falando do Instituto Fatos e Normas, ou Instituto Facts and Norms, sediado nos Estados Unidos, e conta também com braços no mundo inteiro, inclusive no Brasil, aqui pertinho da gente também em Minas Gerais. Um minutinho só, não sai daí, nós estaremos de volta aqui na TV Banqueta na Rádio Cultura de Curitiba com mais Cultura Geral.


[INTERVALO]


Bom, de volta com Cultura Geral aqui na TV Banqueta na Rádio Cultura de Curitiba, a gente está conversando com Henrique Napoleão, a gente está falando um pouco sobre o Instituto de Fatos e Normas, né?


Henrique eu queria te perguntar agora, porque a gente vai falar agora um pouco do Curso que vai ser oferecido, ou está sendo oferecido, né? Que tem muito a ver com Direitos Humanos, tem muito a ver com uma série de coisas que você já é militante há muito tempo. Como é que é esse curso, de onde é que vem, como é que você criou isso, como é que vocês pensaram isso através do Instituto?


Henrique Napoleão Alves:


Então, muito obrigado pela pergunta e pelo espaço de poder falar sobre esse curso. Ele é a primeira atividade do Instituto de ensino para um público externo.


Então, eu tinha comentado na primeira parte do programa como que nós formamos uma primeira rede de pesquisadores com mais de 40 pesquisadores para realizar aquele estudo sobre doenças infecciosas e direitos humanos. Naquele momento, naquela ocasião, Betão, nós tivemos uma primeira experiência de ensino, mas ela foi interna, ela foi de capacitação desses pesquisadores sobre como fazer pesquisa documental e pesquisa documental a partir de uma base de dados específica que é o Universal Human Rights Index, o HRI. É uma base de dados que o pessoal que lida com o direito internacional dos direitos humanos tem muito costume de utilizar.


Nesse momento nós estamos lançando em primeira mão no seu programa e começando também a divulgação pelas redes sociais e pelo nosso site, esse curso que é um curso presencial para um público externo.


O Curso se chama “Primeiro Curso Avançado em Direito Internacional e Direitos Humanos” e ele vai ser realizado em Portugal, na cidade de Coimbra de 30 de janeiro de 2024 ao dia 2 de fevereiro de 2024.


Vão ser quatro dias de curso e, para que eles e aquelas que estão nos acompanhando e que tiverem condição de participar, de fazer essa viagem, participar dessa jornada conosco, o Curso foi montado assim com muito carinho e ele está super, super interessante.


Nós teremos palestras e conferências com professores pesquisadores renomados, inclusive o atual diretor da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, Portugal, que é o Professor Jonatas Machado.


O Professor Jonatas foi meu orientador quando eu fiz o pós-doutorado lá na Universidade de Coimbra.


Nós vamos ter o curso lá dentro do campus da Universidade. A Universidade de Coimbra, para quem está nos acompanhando, é uma universidade tradicionalíssima, foi fundada em 1290, então, alguns séculos antes da chegada ou, alguns defendem, da invasão da América… E enfim, ou seja, uma universidade tradicionalista, uma das mais antigas do mundo.


O certificado, ele é um certificado de um curso avançado, não é o certificado de um congresso, ou de um seminário, ou de um colóquio, mas de um curso avançado, e esse certificado vai ser emitido pelo IGC, Ius Gentium Conimbrigae, que é o Centro de Direitos Humanos da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra. E, claro em parceria com a gente, né?


Uma outra coisa muito interessante desse curso, Betão, é que ele é um curso presencial. Então, as pessoas que vão participar vão ter a experiência da imersão, né? Uma imersão na Universidade, uma imersão na cidade de Coimbra, num outro país que, embora tenha com o nosso a semelhança da linguagem e alguns aspectos culturais, tem também muitas diferenças, o que acrescenta à experiência de quem puder estar lá com a gente.


E para aqueles colegas que são professores ou pesquisadores, professoras ou pesquisadoras, há também a possibilidade — totalmente opcional — de apresentar trabalho. Então, existe a possibilidade de submeter uma pesquisa e, em sendo aprovada, a pessoa vai poder dar uma palestra, apresentar o seu trabalho lá durante o curso, e receber uma certificação específica; e também tem a possibilidade de publicar…

Betão, nós somos, além de um Instituto de Pesquisa, nós já somos uma editora, então nós já temos tudo que é necessário para publicação com o ISBN, que é aquela indexação de livros, design profissional, tudo isso vai estar incluído.


Por fim, eu destacaria a programação cultural. O curso não vai ter só as atividades das conferências, das apresentações, ele também tem uma programação cultural especial com visita guiada. O guia de lá. Vai ser uma visita guiada pelo complexo histórico da Universidade de Coimbra que é reconhecido pela Unesco como Patrimônio da Humanidade.


Eu queria também, se você me permitir, comentar uma coisa a título pessoal e familiar.


Betão (Cult.Geral Podcast):


Fica à vontade!


Henrique Napoleão Alves:


A família do meu pai vem de Portugal, Betão. E o meu avô não teve condições de estudar, ele morava no campo, e ele era também operário e tinha alguns trabalhos diferentes, de saber de tudo um pouco. Ele era um pouco sapateiro, um pouco agricultor, criava alguns animais… E nos anos 50 do século passado, ele veio com a família toda para buscar uma vida melhor aqui, e se instalou em Santa Luzia, aqui pertinho da gente.


Naquela ocasião ele trabalhava numa draga que fazia mineração no Rio das Velhas. Ele era um dos trabalhadores dessa draga. Para a família do meu pai, a Universidade de Coimbra era uma coisa assim, de outro mundo. Era algo que brilhava os olhos deles, que não tiveram oportunidade de estudar.


E o meu pai teve a oportunidade de estudar Direito aqui, e foi o primeiro da família dele a estudar.


E, décadas depois, quando ele teve a chance de voltar a Portugal, na simplicidade dele, ele trouxe para mim uma caneta da Universidade Coimbra e uma camisa de malha. Ele me entregou, e ele me disse, assim:


“Filho, se algum dia você puder estudar lá, para a gente vai ser uma alegria muito grande, uma honra muito grande.”


E passaram-se vários anos até que eu tive[sse] a oportunidade de fazer o pós-doutorado lá, e quando eu concluí o pós-doutorado em 2018, eu entreguei para ele o certificado, e foi uma vitória muito grande para a gente.


Agora, em 2023, a gente vai ter a oportunidade de voltar a Coimbra e eu vou ser um dos professores desse curso, e eu sou um dos organizadores desse curso. Então, a título pessoal e familiar, também é um orgulho muito grande poder realizar essa atividade lá.

Infelizmente, o meu pai se foi em abril de 2021. Quis Deus que ele se fosse, que ele fizesse essa travessia no dia em que o Instituto foi lançado oficialmente, que foi quando a gente fez a convocatória do primeiro projeto de doenças infecciosas e direitos humanos; e ele mesmo se foi depois de lutar com uma infecção que afetou os seus pulmões.


Então, além de ser um passo importante para nossa organização e para todos que fazem parte dela, a nível individual, é para mim uma super alegria poder realizar esse curso.


E eu te agradeço demais esse espaço para poder falar do curso aqui e para poder convidar o pessoal que está nos acompanhando, que é o seu público, especialmente o pessoal que é do direito ou das relações internacionais, de todos os níveis e de todas as áreas; todos vocês que estão nos acompanhando são bem-vindos e bem-vindas a essa atividade! O curso foi montado para receber bem, profissionais. Profissionais do setor privado, advogados, advogadas, profissionais do setor público, servidores, servidoras, magistrados, estudantes de pós-graduação, estudantes de graduação, professores, professoras, pesquisadores…


O curso foi feito para receber todo mundo bem!


Eu, também nesse sentido, quero destacar o seguinte: todo mundo que se inscrever vai receber também o material bônus totalmente gratuito, está incluído na inscrição, sobre direitos humanos e direito internacional, que vai ser um e-book de nivelamento, de modo que aquele colega, aquele colega que tem só uma curiosidade sobre direito internacional e sobre direitos humanos, mas que não atua na área ou não teve, antes desse curso, a oportunidade de se dedicar à área, não vai ficar para trás. Vai ser muito bem recebido, vai receber esse e-book que vai ser um nivelamento, que vai dar todos os fundamentos para essa pessoa aproveitar bem o curso com todas as demais.


Betão (Cult.Geral Podcast):


Muito bem. Deixa eu fazer mais um intervalo, vou fazer o último intervalo. Um minutinho só, nós estaremos de volta aqui na TV Banqueta na Rádio Cultura de Curitiba com um recadinho final aqui do nosso Professor Henrique Napoleão Alves. Não sai daí!


[INTERVALO]


Bom, de volta com Cultura Geral aqui na TV Banqueta na Rádio Cultura de Curitiba, a gente está encerrando essa entrevista super bacana com Professor Henrique Napoleão Alves do Instituto Fatos e Normas. Henrique, deixa um recado para o pessoal, primeiro, você já deixou no bloco anterior, mas quem quiser fazer o curso, como é que faz? O que acessa? Como acessa? Para as pessoas não terem dúvida, porque hoje é “fake news” demais também…


Henrique Napoleão Alves:


É verdade, bom, o pessoal que tá nos acompanhando, né? A primeira coisa que eu quero dizer nesse momento de palavras finais é convidar vocês a conhecer o nosso trabalho nas nossas redes sociais e no nosso site. O site é: www.factsandnorms.com. E as nossas redes sociais são pelo nome do instituto “Facts and Norms”. Basta digitar @factsandnorms. Nós estamos no Twitter, no Instagram, no Facebook e no Linkedin que é a rede social profissional.


O curso especificamente está numa página que é www.factsandnorms.com/curso.

Além das redes sociais do Instituto, quem quiser acompanhar o meu trabalho e entrar em contato comigo, se ficou interessado, interessada no curso ou no trabalho do Instituto, quer tirar alguma dúvida, quer conhecer esses estudos que nós fizemos para ONU… — Eu mencionei aqui dois ou três, mas nós fizemos já mais de vinte, Betão, desde 2021 para cá. — É só me procurar pelo meu nome completo. Eu também estou no Instagram, no Linkedin, no Twitter, no Facebook, eu estou para todo lado e sempre à disposição de quem tiver interesse em continuar esse diálogo sobre direitos humanos. É só me buscar pelo nome: Henrique Napoleão Alves. Eu vou ter o maior prazer de tirar qualquer dúvida que o pessoal tiver e também vou ter um maior prazer de comunicar um pouco mais sobre esse trabalho que a gente realiza.


Betão (Cult.Geral Podcast):


Muito bem! Gente, chegamos ao final desse programa tão especial. Professor, muito obrigado aqui mais uma vez pelo carinho, né? Por ter atendido ao nosso chamado e eu fico muito feliz e honrado de ter podido mais uma vez fazer essa entrevista tão bacana. Muito obrigado.


Henrique Napoleão Alves:


Eu que te agradeço, Betãom e desejo que todos os caminhos estejam sempre abertos para os seus passos, para os seus projetos! Eu sempre acompanho o seu trabalho, por vezes de longe, né? E eu fico sempre muito feliz de ver as suas vitórias, as suas conquistas e ver o que esse programa se tornou: esse espaço importante de comunicação, de jornalismo voltado para as grandes questões, voltado para abrir espaço para quem está na luta, para quem está tentando fazer um trabalho em prol da nossa sociedade… Tudo isso tem um valor imenso. Então, eu quero te agradecer publicamente e enaltecer publicamente o seu trabalho. Fico à disposição, sempre que você quiser, meu amigo, eu estou às ordens, um forte abraço.


Betão (Cult.Geral Podcast):


Muito obrigado. Bom, gente, depois desse elogio todo dessa pessoa maravilhosa aqui, nós vamos ficar por aqui. Um beijo no coração de todos, ficaremos por aqui e voltaremos amanhã com mais um Cultura Geral aqui na TV Banqueta na Rádio Cultura de Curitiba. Beijo no coração de todos e até amanhã, se Deus quiser.

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