O Instituto de Fatos e Normas (FNI) tem o prazer de anunciar a conclusão de sua contribuição ativa para o projeto “Mapa da Memória Romani para as Américas”, uma iniciativa liderada pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos (ACNUDH).
O mapa procura resgatar e preservar a história e a memória do povo cigano, que muitas vezes foi apagada ou deturpada dos espaços públicos e da memória coletiva devido ao anticiganismo.
Esta iniciativa surge num momento crucial, uma vez que estão em curso os preparativos para a comemoração do 80º aniversário do Dia Internacional em Memória do Holocausto dos Ciganos, no dia 2 de Agosto de 2024. Este dia marca a liquidação do “Zigeunerlager” em Auschwitz-Birkenau, onde vários milhares de ciganos foram assassinados pelos nazistas em uma única noite.
A reunião do Instituto com as Nações Unidas
No dia 8 de setembro de 2023, a pesquisadora assistente do FNI, Ana Elisa Barbosa Mourão, e o diretor do FNI, Henrique Napoleão Alves, realizaram uma reunião com a Srª Aline Miklos, consultora do ACNUDH. Durante esta reunião, foi discutido o âmbito da contribuição do FNI e como o instituto poderia ajudar significativamente no desenvolvimento coletivo deste projeto crucial.
A própria Sra. Miklos pertence a uma família de ciganos húngaros que chegou ao Brasil por volta de 1895. Antes de sua nomeação pelo ACNUDH para desenvolver o projeto do Mapa da Memória Romani, ela colaborou com as Nações Unidas através de uma Minority Fellowship. Além do seu trabalho com a ONU, a Sra. Miklos tem um extenso histórico de trabalhos acadêmicos e culturais relacionados com os Direitos Humanos e a cultura cigana.
Documentando a voz dos Romani
Após o encontro, o Instituto concluiu suas pesquisas documentais e de campo sobre a presença e as contribuições do povo cigano no Brasil.
Os esforços de investigação incluíram o envolvimento direto com uma comunidade cigana através de consultas com indivíduos e especialistas profundamente enraizados na cultura cigana. Esta metodologia garantiu uma visão holística, abrangendo tanto documentação histórica como testemunhos vivos das experiências e desafios do povo cigano.
O estudo revelou várias descobertas importantes, nomeadamente a identificação de nove potenciais Pontos de Memória Romani em todo o Brasil. Esses pontos de interesse variam de locais de importância histórica a marcos culturais, cada um contando uma parte da história cigana no Brasil.
Por meio de entrevistas com líderes e membros comunitários, a pesquisa iluminou o profundo impacto do anticiganismo, ao mesmo tempo em que destacou a resiliência, a riqueza cultural e as contribuições da comunidade para a sociedade brasileira. Os Pontos de Memória identificados propõem um roteiro para futuros esforços de memorialização, com o objetivo de preservar e homenagear a herança cigana nas Américas.
Para ler o relatório completo, clique aqui:
Nota de reconhecimento:
Os autores agradecem a todos que contribuíram com a pesquisa: Aline Miklos; André Nicoliche; Maria Jane; Flávio José de Oliveira Silva; João Batista Nogueira, o Rezende; Juliana Miranda Soares Campos; Leonardo Costa Kwiek; Nilcélia de Jesus; Raquel Freire do Amaral; e Valdinalva Caldas, Nalva. As nossas saudações e o nosso respeito a todos aqueles que defendem os direitos humanos do povo cigano no nosso país e no nosso continente.
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